segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

2008 Cor de Rosa

Esta a semana a SIC fez história na ficção nacional ao mostrar pela primeira vez em Prime Time um beijo lésbico. O beijo teve direito a chamadas de capa nos jornais, a reportagens em programas da estação que não se coibiu de publicitar a cena durante todo o dia. Não querendo ser crente de que vá mudar a mentalidade tacanha de muitos espectadores, a verdade é que irá pelo menos ajudar a que se fale e se discuta mas também que se diga muita asneira…

No ano em que foi rejeitado o projecto de lei sobre os casamentos homossexuais apresentado pelo Bloco de Esquerda, espera-se por 2009 ano de eleições e onde por certo esta questão fracturante não faltará ao debate. Foi também o ano em que Solange F. se assumiu como lésbica e Manuel Luís Goucha apresentou o seu namorado (detesto a expressão”companheiro”). Poderia ter sido um ano em tons de Rosa, não fosse a agenda do PS.

Mas nem tudo foram rosas e ouvimos de Manuela Ferreira Leite “Chamem-lhe o que quiserem, mas não casamento” ou “o casamento tem como fim principal procriar” e que traça o perfil de um país ainda demasiado agarrado a valores herdados de uma ditadura de costumes, e a uma religião cada vez menos de Deus e mais dos padres, que gerem a seu belo prazer a ingenuidade de muitos que cresceram com medo de questionar o que quer que fosse e a aceitar “o que Deus Manda” como castigo ou provação à carne. Vivemos num país ainda de velhos costumes, mulheres que não se conhecem, que casaram por ter de ser, na submissão constante às vontades do seu amo, senhor e marido e que ainda hoje se perguntam “como é que elas fazem?” num total desconhecimento do prazer e do seu corpo.

Há ainda aqueles que afirmam não ter preconceitos, quando “agora é moda”, é uma expressão reveladora desse mesmo preconceito. Tomando os sentimentos por uma peça de roupa; umas calças que à dois anos se usavam largas e agora se usam justas, como fossem sequer comparável. Que confundem sentimentos com “opções”, como se alguém acorda-se de manhã e como está sol “OPTA-SE” por ser Gay ou Lésbica. E que até aceitam, “mas desde que não se metam comigo”, a única explicação que encontro é mesmo a de não terem a sua sexualidade bem definida e perfeitamente esclarecida. Mas há também o “aceitar”…aceitar o quê? E porquê? Pergunto eu do alto da minha ignorância homofóbica. São pessoas, com os mesmos direitos e deveres ou pelo menos assim deveria ser, mas não é, ou pelo menos em Portugal ainda não é. E os Pais, que mesmo os pseudo liberais e modernos não veriam com bons olhos a homossexualidade dos filhos…só a dos filhos dos outros. E as mães, e professores e programas infantis que continuam a infernizar a vida das suas pobres filhas com as histórias dos príncipes e das princesas, que casaram, tiveram muitos filhos e foram felizes para sempre…

7 comentários:

Sandrinha disse...

Exactamente Liliana! Disseste tudo... Vou pôr um link no meu blog para este post porque está mesmo muito bom!

Aliás todo o teu blog é mt bom, essencialmetne para a nossa área.

Parabéns pelo blog e nunca o deixes morrer!

beijinho

Liliana Lemos disse...

Olá amiga!
Obrigada!é sempre bom receber elogios...fico contente que gostes e acompanhes o que por aqui vou rabiscando.
Beijinho Grande!

Carlos Leite disse...

Parabens Liliana...muito bem pensado...este processo tem que mudar, não podemos no tipo de sociedade que temos estruturada, excluir minorias pelas suas orientaçoes, religiosas, sexuais politicas, filosoficas...temos que ter a capacidade de envolver tudo e todos, e de os fazer sentir parte integrante de uma sociedade, porque na altura de os fazer pagar impostos, e de outros tipos de deveres sociais tambem nao os excluimos, e por liberdade temos que lhes dar os direitos que todos temos.
e fala-se da discussão...eu acho isto quase indiscutivel, nao temos o direito de afectar de forma tao gravosa a vida e as manifestaçoes de amor dos outros, quando eles nao afectam em nada as nossas

continua a "rabiscar", porque gosto de ver os teus rabiscos...

Liliana Lemos disse...

Olá Carlos
Não podia estar mais de acordo quando dizes que é indiscutível, são direitos que deveriam ser inerentes a todos e não apenas à maioria. Daí ser contra uma das propostas que passa por se fazer um referendo, para votar os direitos que em momento algum deveriam ser postos em causa...em especial quando a proposta vêm de um partido de esquerda eleito por maioria absoluta.
Temos de continuar a "rabiscar" pode não mudar o mundo mas pelo menos não compactuamos esta e outras incongruências.

Vítor Pimenta disse...

genial! :D afinfa-lhes!

Sandrinha disse...

É isso mesmo! Vamos rabiscar porque mesmo que não mudemos a mundo, pelo menos não somos passivos quanto a estas questões. Bem sabemos que é difícil mudar mentalidades mas, como alguém dizia: "Difícil não significa impossível."

E mesmo que nada se altere, pelo menos pensas por ti e não te submetes à maioria seja por vergonha, preconceito ou o que for.

*

Nunca deixes de rabiscar!

Beijinho e Feliz Natal*

Anónimo disse...

Hasta la vitória siempre
contra o ridiculo.
Como diz o pimenta afinfa-lhes com força, cá estamos nós na retaguarda ou mesmo a teu lado.
Feliz Natal